segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O PROBLEMA DA EVASÃO

Um problema enfrentando por praticamente todos os cursos de Estatística do Brasil é a evasão dos alunos, ou seja, o aluno inicia os estudos no curso de Estatística e por algum motivo abandona os estudos. Numa conversa recente que tive com o Estatístico André Biurrum, sobre uma pesquisa que ele desenvolveu com os alunos do curso de Estatística da UFRGS, em menos de cinco minutos de discussão achamos a primeira causa da evasão, o que não foi surpresa, já que é uma interseção óbvia entre os alunos de Estatística da UFRGS, UFPE e muitos outros cursos do país: falta de base matemática por grande parte dos alunos que entram no curso. Outra causa da evasão discutido por nós foi a necessidade de trabalho, ou seja, o aluno tem interesse no curso, porém, a condição social o impede de acompanhar horários determinados pelos cursos. Às vezes num mesmo dia, o aluno tem aulas pela manhã e pela tarde, e como o aluno de Estatística na maioria dos casos é de classe média ou abaixo dessa, a necessidade de emprego infelizmente supera o prazer pelo curso.

Claro que não estou querendo criar aqui um desentendimento entre curso e aluno. A idéia seria tentar organizar uma pesquisa a nível nacional para tentar combater o problema da evasão nos cursos de Estatística, para que a profissão ganhe força na "raiz".

Em Pernambuco por exemplo, existe a chamada "3ª fase", idéia inicialmente implantada no Espírito Santo, nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Matemática. A 3ª fase funciona assim: O aluno enfrenta duas fases de vestibular. Se o curso possui X vagas, após as duas fases são aprovados 3X alunos para passar um semestre inteiro na universidade, cursando duas disciplinas introdutórias. Ao término do semestre, os X melhores alunos são finalmente considerados aprovados no processo de vestibular. Participam dessa forma de processo seletivo os cursos de Estatística, Matemática e Química. A expectativa pelo sucesso dessa idéia é muito grande, na Estatística por exemplo, já no ano que vem poderá ser realizado um estudo com todos os alunos que já enfrentaram o vestibular dessa forma. Mas... e se essa iniciativa ainda não estiver resolvendo o problema?

Reforço a idéia de que além desse tipo de iniciativa, um estudo a nível nacional fosse colocado em prática. Cada universidade seria um estrato natural, e cada curso de Estatística faria a pesquisa independentemente, porém com todos os objetivos comuns aos demais cursos de Estatística, para que os resultados fossem publicados conjuntamente e comparados. Assim o problema poderia ser combatido a nível nacional.

A realidade é a seguinte: Estamos dando uma contribuição importantíssima para muitas áreas, e podemos melhorar essa contribuição se a profissão estiver fortalecida já na vida universitária de quem começa o curso.