domingo, 30 de maio de 2010

29 de maio: Dia do Estatístico

My God... o dia do Estatístico passou em branco neste blog! Shame on us!

Mas pude perceber que o nosso dia foi comemorado em diversas cidades, em eventos promovidos por diversas entidades e departamentos de estatística. Isso vem aumentando ano a ano, o que é muito bom. Comemorar nosso dia sempre une mais a classe e os departamentos, já que há muitos convites para palestras e debates entre os professores.

No dia 28 de maio estive na UFSCar participando da Comemoração do Dia do Estatístico e Inauguração de Novo Prédio anexo ao atual Depto de Estatística. Foi um evento rico em informações, com palestras tanto para alunos da graduação como para pós-graduandos.

Na primeira mesa redonda, presidida pelo Prof. Pedro Ferreira Filho e da qual participei, discutiu-se os Desafios do Estatístico no Mercado de Trabalho. Três profissionais egressos da UFSCar, hoje ocupando importantes posições dentro da Serasa, Unimed e Whirlpool, contaram sobre a crescente importância e respeito que os estatísticos vêm ganhando dentro de suas instituições. Os relatos feitos corroboraram meu depoimeno: a evidente falta de estatísticos no mercado e a importância de um bom preparo durante a graduação para se dar bem no atual cenário: sólida formação e matemática e teorias estatísticas, imprescindível saber inglês (melhor ainda se souber também espanhol), saber falar e escrever bem em português e, sobretudo, desenvolver suas capacidades pessoais como pró-atividade, relacionamento com outros profissionais, autonomia para pesquisar e a capacidade para vender o seu peixe (entenda-se "seu modelo estatístico").

Na segunda mesa redonda, presidida pelo Prof. Josemar Rodrigues, discutiu-se as Perspectivas da Pós-Graduação em Estatística no Brasil, com a participação dos professores Francisco Louzada-Neto (UFSCar), Fábio Prates (USP) e Francisco Cribari-Neto (UFPE). Evidenciou-se a necessidade de mais programas de mestrado e doutorado, além do cuidado que se deve ter com a qualidade e quantidade de pesquisas realizadas. A quantidade de docentes sem doutorado em estatística e/ou sem uma boa produção científica ainda é grande e é preciso melhorar.

Na parte da tarde houve duas seções de palestras: 1) Profissionais (softwares Statistica e SAS, e Banco Itaú-Unibanco), além da justa homenagem aos professores recém-aposentados Lael de Oliveira e Jorge Oishi; e 2) NINE-2010 (UFSCar/USP), com as palestras dos Profs.Cribari-Neto e Fábio Prates.

Houve no final da tarde a inauguração do novo prédio da Estatística da UFSCar: prova da competência desse depto de estatística que, com muito esforço e determinação, conta hoje com um excelente programa tanto de graduação, como mestrado e doutorado.

A nossa área está crescendo muito tanto no mercado de trabalho como na academia. A qualidade exigida do profissional e docente também cresce. A realidade da nossa profissão e perspectivas são ótimas!

Parabéns a todos nós!

PS: seria interessante se houvesse mais depoimentos de como foram as comemorações Brasil afora!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Expansão dos Bacharelados em Estatística no Brasil

Na lista da ABE houve uma vasta discussão sobre as reais consequências da atual política de expansão das universidades federais, não somente promovendo a criação de novas unidades de ensino, como também novos cursos. É muito positivo esse grande investimento na educação de nível superior, sobretudo num país que precisa incrementar bastante seu número de trabalhadores mais qualificados. Mas entendo também que, juntamente com o projeto de expandir, deveria haver uma política mais ágil para viabilizar a boa estruturação dos departamentos para que possam ter boas condições de ensino.

O Bacharelado em Estatística

Hoje o Estadão publicou uma matéria mostrando as dificuldades para as universidades contratarem doutores para seus departamentos (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100505/not_imp547049,0.php). Não sou conhecedora dos pormenores do programa de governo de expansão universitária, mas, corroborando a matéria do Estadão, posso notar as dificuldades que alguns Departamentos de Estatística estão tendo para contratar docentes com doutorado, principalmente se for longe de grandes cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro.

Universidades como a Federal de Rondônia sofrem para atrair docentes. Na UNIR, o câmpus do Depto de Estatística sequer fica em Porto Velho e, sim, em Ji-Paraná. Com tantas ofertas no interior de São Paulo, Minas ou Rio, acho compreensível que poucos se entusiasmem em se mudarem para o interior da Região Norte.

Fazendo uma levantamento rápido (infelizmente não tive paciência de ler os detalhes de todos os editais), postei no fórum do CONRE-3, desde Julho/2009, mais de 45 concursos para provimento de docentes para a área de estatística (aula+pesquisa em Deptos de Estatística ou p/ dar aulas de estatística em deptos diversos). Alguns concursos reapareceram no mesmo depto (talvez por não terem preenchido as vagas anteriormente). Contei mais de 90 vagas: desde aqueles que pedem apenas a graduação em estatística/áreas afins, até os que exigem doutorado em estatística/áreas afins.

Isso sem contar as outras vagas (concursos ou não) para mestres/doutores em estatística que "roubam" os estatísticos do meio acadêmico/universidades!

Deficit de Estatísticos

No Brasil há ainda poucos bacharéis em estatística se formando. O censo do MEC de 2008 contou cerca de 500 formandos naquele ano. Destes, um número ínfimo segue carreira acadêmica fazendo o mestrado e, depois, o doutorado. Há, claro, os formandos de carreiras diversas que fazem mestrado e/ou doutorado em estatística, mas nem sempre a formação alcança o nível desejado específico para esta carreira.

O mercado para estatístico está crescendo e vejo que há espaço para novas vagas, no entanto, não gostaria de ver a nossa carreira banalizada por profissionais egressos de universidades de qualidade duvidosa, a exemplo do que ocorre com o curso de Direito, Matemática, Pedagogia, entre outros.

Como melhorar essa situação? Se houve aprovação do MEC para se oferecer um Bacharelado em Estatística, será que não deveria haver também um bom plano federal para viabilizar um curso de qualidade? Não é justo submeter os alunos a cursos precários, pois o mercado está cada vez mais exigente, buscando estatísticos com sólida formação em matemática e estatística. Como ajudar os departamentos que estão começando agora, como na UNIR, a crescer e formar bons profissionais? Como ajudar outros departamentos a melhorarem seus conteúdos programáticos, sua infraestrutura?

Mesmo sendo um curso que exige uma estrutura simples, encontrar bons docentes -- engajados no bom ensino e pesquisa -- e montar um laboratório contendo computadores e softwares estatísticos (que pode ser o software livre R, por exemplo) são lutas permanentes.

Doris Fontes